A literatura e o cinema se valem de vários recursos bacanas que dão nova roupagem para a nossa realidade. Este é o caso de Precisamos falar sobre o Kevin, romance ficcional com tons de thriller. Por meio da Constelação familiar, vamos entender melhor como a tragédia da obra se desenvolveu.
Sobre a história
Em suma, Precisamos falar sobre o Kevin se trata dos bastidores do um massacre escolar. A história acompanha em partes Kevin, um psicopata adolescente e com uma família sem base. Desde quando era pequeno, o rapaz demonstrava sinais de que carregava o mal em sua essência mais pura.
A mãe do jovem, Eva Khatchadourian, relembra de sua história com o próprio filho. Em meio a tantas introspecções e flashbacks, percebemos que Kevin é fruto de uma gravidez indesejada. Por causa da incapacidade de Eva em lidar com sua situação de mãe, complica seu relacionamento com o filhos. Os conflitos são crescentes e constantes.
Ao longo da obra, Eva se corresponde com o pai do garoto tentando analisar os motivos que levaram a isso. Nisso, em primeira perspectiva, percebemos que a construção de Eva como profissional e mulher impactou diretamente em sua postura materna. De modo desconfortável, acompanhamos os pilares ruídos de uma família adoecida.
Eva Katchadourian
Interpretada pela magistral Tilda Swinton, Eva era uma bem-sucedida empresária. O fato dela não se envolver com a gravidez mostra que não quer abandonar sua antiga vida. É aqui que, em parte, os problemas da família, especialmente Kevin, afloram. Eva não deseja ter esse filho, movimento que retorna para cobrar seu preço mais tarde.
A falta de atração na maternidade impede que Eva compreenda o seu próprio filho em Precisamos falar sobre o Kevin. De início, não se incomoda com a postura do garoto em relação ao pai e em detrimento a ela. Contudo, o menino dá sinais de como sua construção deu errado. Ele devolve para a mãe as sensações ruins que experimentou no útero.
Isso fica evidente quando o garoto aponta o arco e flecha à matriarca com um sorriso nós lábios. A falta de amor no início de sua vida implicou na falta de distribuição dele enquanto crescia. Em relação ao pai, podemos ver que o garoto o manipulava para atacar a própria mãe. Esta, por sua vez, lembra de tudo com uma culpa gigantesca.
Kevin
Em Precisamos falar sobre o Kevin nos impressionamos com o sadismo do personagem-título. A rejeição de sua mãe deixou um vazio em seu coração e o tornou pouco acessível aos bons sentimentos. Por exemplo, quando criança, o menino já se sente perfeitamente capaz de rejeitar a própria mãe em uma brincadeira. Algo que ela havia feito com ele.
Por causa dessa rejeição inicial, ele passou a atacar tudo o que cabia à sua mãe, demonstrando:
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Apatia materna
A relação que o personagem mantém com o pai se difere bastante da relação que mantém com a mãe. O pai é visto como uma figura acolhedora, incentivador que o aceita e o estimula. Por outro lado, Eva já enxerga a essência do garoto e cria conflitos por causa dele. Isso alimenta um ódio pela mulher que lhe deu a vida.
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Destruição dos elos
Kevin acaba entrando no quarto de sua mãe e destrói tudo o que ela conquistou com o seu trabalho e viagens. O garoto sabe que tudo o que está ali representa algo que a mãe não nutre por ele completamente. Contudo, não se trata de um ataque invejoso pela atenção dela. É mais uma forma de vê-la sofrer e deixá-la desamparada.
Assim como a mãe o deixou sem amor antes, ele também procura deixar nada que a lembre de tal sentimento.
Franklin
Franklin é um personagem que levanta emoções confusas e violentas em Precisamos falar sobre o Kevin. Isso porque ele é permissivo demais, deixando que Kevin exerça sua vontade sobre todos. Ao invés de ser um orientador, o homem se mostra mais como um parceiro do filho. Ignora o fato de que ensina o garoto a repetir certos padrões.
Tal comportamento acaba resultando na quebra de uma das ordens do amor, a hierarquia. Desde pequeno, Kevin foi ensinado a desrespeitar a própria mãe. E isso é algo que o próprio pai faz, de modo que o campo familiar não tenha equilíbrio. Eva se vê sozinha e com suas observações e queixas abafadas.
O resultado direto é uma família sem qualquer suporte emocional verdadeiro. Enquanto um negligencia, o outro se ausenta e o último continua a corromper tudo. Esse movimento cíclico gira como um tornado onde as relações são levadas pela força dos ventos. O problema é que essa tempestade acaba sendo eterna.
Chamas do incêndio
Em suas mais variadas formas, alguns elementos ajudam na destruição do campo familiar em Precisamos falar sobre o Kevin. Parte do problema surge quando um tenta intervir, mas o outro ignora. É como se uma cegueira voluntária evitasse que a verdade fosse escancarada e trabalhada. Isso nasce diretamente do:
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Ódio
Os pais de Kevin, bem como o próprio garoto, carregam um ódio um pelo o outro. A natureza conflitante se dá porque enquanto um tenta expor a verdade, o outro a ignora. Aos poucos, o campo familiar armazena essa informação e a libera sempre que novos conflitos surgirem.
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Inveja
Um pai tem inveja do outro por causa do amor e aplicação que nutrem pelo filho. O caso mais evidente se dá em Eva, já que Franklin se mostra próximo do filho. Por mais que ela se esforce, Kevin não se liga com ela e sua incompreensão. De um modo ou de outro, isso a frustra bastante.
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Falta de diálogo saudável
A fala se torna um objeto importante de recuperação entre duas ou mais pessoas. Caso a conversa tivesse acontecido da forma que deveria, toda a sujeira do campo familiar viria à tona. Entretanto, tal pensamento existia na mente de Franklin, mas que não queria tal esforço. Se cedesse aos desejos de sua mulher, seria confrontado com verdades duras.
Considerações finais sobre precisamos falar sobre Kevin
Precisamos falar sobre o Kevin é um filme chocante por lidar com a fraqueza humana de forma crua. Ao longo da dinâmica temporal do filme, entendemos como Kevin chegou onde está. Tudo advém do seu círculo familiar, de modo que desde a sua descoberta não foi amado como deveria. Isso o desequilibrou, expondo seu lado ruim.
A obra é o exemplo perfeito do que o desrespeito pelas leis do amor pode ocasionar. Não somos perfeitos em qualquer ângulo que se olhe, contudo poderíamos alcançar um estado mais harmônico nos dedicando. A recusa de Eva em amar o filho inicialmente ajudou a abrir caminho para uma vida de sofrimentos e vazios emocionais.
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