Constelação Familiar

Inteligência Espiritual: Significado na Constelação Familiar

A necessidade de compreender o sentido da vida permite analisar a jornada do homem. Essa análise se dá a partir de várias ciências que buscam respostas para compreender o porquê da existência humana. Entre elas, a inteligência espiritual.

Quando transcendemos essa busca, unindo ciência, cultura e espiritualidade, temos a compreensão de outro ser humano. Um ser além do seu desenvolvimento biológico e da matéria em si e partimos para uma visão transpessoal do ser humano.

Uma visão que transpassa o indivíduo e o enxerga como um ser planetário em profunda conexão com o todo.

Os campos morfogênicos e a inteligência espiritual

Esse universo pressupõe uma consciência universal da qual fazemos parte e é abordada e descrita por várias culturas. Porém, destaco aqui o conceito trazido por Di Biasi e Rocha (2005),

[…] energia, matéria, vida e consciência originam-se de um campo criador, que é pura informação, situado além de nossos limites perceptuais. Este campo informacional invisível é, na verdade, uma ordem geradora fundamental, que permeia com informação criativa todo o Cosmos, permitindo compreender a natureza básica do universo como uma totalidade inteligente auto-organizadora indivisível, isto é, uma consciência, um campo holográfico informacional que gera, mantém e transforma o universo (DI BIASE & ROCHA, 2005).

Na base teórica das Constelações Familiares desenvolvida por Bert Hellinger, encontramos o conceito de campo morfogenéticos, definido pelo biólogo Sheldrake. Sendo assim, ele justificaria a transmissão transgeracional, atemporal, entre todos os membros de uma família, como uma memória coletiva familiar.

Campos morfogenéticos são campos que levam informações, não energia, e são utilizáveis através do espaço e do tempo. Não ocorre perda alguma de intensidade depois de terem sido criados.

Portanto, eles são campos não físicos que exercem influência sobre sistemas que apresentam algum tipo de organização inerente (SHELDRAKE, 1981).

O conceito de que existe uma consciência universal dotada de uma inteligência criadora diz que, por sermos seres sistêmicos, então temos acesso a esses campos mórficos.

Além disso, ele nos permite compreender que, apesar da complexidade de nossa individualidade e daquilo que nos delineia como pessoa, somos seres multidimensionais. Ademais, somos dotados de uma mente expandida, a qual traz em si o constructo vivencial de todos que compõem o nosso sistema.

Conceitos religiosos e a Constelação Clínica

Assim, ao vivenciarem a constelação, algumas pessoas podem, por sua formação, achar certa similaridade com conceitos religiosos pessoais.

Na Constelação Familiar, Bert utiliza-se de nomenclaturas como espírito, alma, como movimentos que realizamos para (re)estabelecer as ordens do amor.

A terapêutica se dá a partir de uma abordagem no campo fenomenológico. Nessa abordagem, a experimentação de um fenômeno se dá sem juízo e sem necessidade de compreender, julgar o fato em si, mas de perceber com os sentidos.

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    Por isso, pela experiência pessoal, algumas pessoas aproximam a técnica de seus valores religiosos pessoais. Desse modo, elas podem julgar as constelações familiares como algo místico e não como uma técnica.

    A inteligência da alma versus a religiosidade

    Porém, nada há de mágico nessa abordagem e sim, um olhar ressignificado sobre a natureza da consciência humana. Esse olhar existe devido às novas correntes e descobertas científicas, principalmente no campo da física.

    A partir das novas teorias acerca da natureza do homem e de seu lugar dentro de um sistema maior, de um ecossistema cósmico, é quase possível enxergar uma inteligência espiritual.

    Essa inteligência espiritual dá significado à busca do homem em encontrar sentido no que faz e na sua vida. Ela não é o “ser religioso”, mas sim “a inteligência da alma” (Zohar & Marshall,2017).

    O pensamento não só compreende aspectos cerebrais ou mesmo emocionais – como definida na Inteligência Emocional por Goleman (1990), temos também o “pensar com o espírito, com as visões, esperanças, percepção de sentido e valor” (Zohar & Marshall, 2017, p.57).

    Se somarmos a pergunta inerente à condição humana da busca de propósito às dificuldades e desafios que enfrentamos na vida, perceberemos a importância de uma cultura de paz e de amor para que possamos agir em prol de todo sistema.

    Ou seja, tanto olhando para o sistema pessoal, familiar, como o macrossistema, o planeta, precisamos preservar a todos. Incluir. Respeitar. Buscar a equidade.

    O papel da Constelação Familiar

    E como a Constelação pode nos ajudar a desenvolver uma Inteligência Espiritual? Uma inteligência que busca nos inserir em contextos mais amplos de significado e propósito?

    Quando observamos o movimento da constelação, suas leis sistêmicas onde o coletivo, o sentido de clã, de pertencimento, de hierarquia e equilíbrio beneficiam a todos, ampliamos nossa consciência e consequentemente nossa inteligência espiritual.

    Desse modo, a dimensão espiritual está presente nas Constelações quando reconhecemos e tomamos o nosso lugar na história da humanidade.

    Os vários tipos de Consciência

    A compreensão das diferentes consciências nos permite perceber nosso propósito de vida. A consciência pessoal tem limites estreitos e não transcende aos limites do ego.

    Na consciência coletiva permitimo-nos olhar para o outro, mas ainda limitado por aqueles que nos afetam, que estão próximos.

    Já a consciência espiritual abarca a tudo e a todos. No fluxo amoroso da vida, somos conduzidos para além do que é pessoal. A consciência espiritual está a serviço da Paz.

    Quando nos deparamos com essas questões que as Constelações Sistêmicas Familiares nos permitem vivenciar, percebemos que muitos dos nossos problemas estão relacionados à separação de nossas raízes. Portanto, é a separação daquilo que nos nutre, daquilo que é mais sagrado que é a manutenção da vida.

    E é a partir de nossa inteligência espiritual que podemos compreender esse movimento e sair da superficialidade. Observando os motivos e motivações mais profundas de nossa alma e entrando em sintonia com o centro de nosso ser.

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    Artigo enviado pela aluna do curso Jaqueline Barbosa Ferraz de Andrade, exclusivamente para o Blog Constelação Clínica

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