Constelação e RelacionamentosConstelação Familiar

Indignação aos olhos da terapia da Constelação

Comumente, nos identificamos com determinadas vítimas a fim de garantir o seu direito de reparação contra qualquer abuso. A indignação provoca, por vezes, uma empatia mais agressiva, violenta, na tentativa de reparar algum mal. Veja como e por que isso acontece com a ajuda da Constelação familiar.

O que o indignado procura?

A indignação nos posiciona em um lugar onde procuramos que determinado agressor pague por sua agressão. É como se nós mesmos fôssemos a própria vítima, sentindo que nossos seus princípios foram feridos. Mesmo que nenhuma injustiça tenha sido perpetrada a nós, exigimos firmemente que a ação seja reparada.

Embora alguém tenha sido o alvo e não nós, nos tornamos uma espécie de advogado dessa pessoa. Isso porque tomamos para nós o direito de personificar essas vítimas e representá-las em nossa vida. Contudo, esse ato acaba deixando elas sem direito algum. Quando intervimos em sua dor, pensando e agindo por ela, qual papel lhe resta a fazer?

Como resultado, um indignado acaba por recorrer à violência para sanar o caso. A moral pouco passa a agregar valor às suas atitudes, inibindo qualquer responsabilidade por ações ruins. Em sua mente, esse mal que está causando ao agressor é uma coisa boa a serviço do bem. Ele alivia a culpa distorcendo os conceitos reais das regras sociais.

Poder da escolha

Uma pessoa indignada é aquela que decide intervir entre a vítima de um acontecimento e o agressor que causou aquilo. A partir de agora, a vítima tem alguém para defendê-la e apoiá-la, conduzindo esse caso. Entretanto, essa defesa acaba por sufocar esse indivíduo que pouco encontra voz para reagir.

Segundo os ensinamentos de Bert Hellinger, podemos intervir na situação com amor e não ódio. Se quisermos reparar de verdade o que aconteceu, deveríamos abrir os olhos do agressor e fazê-lo enxergar seu erro. A condução em vez de coerção daria um resultado mais natural e convidativo, visto que todos se sentiriam mais à vontade.

Por ser uma saída mais fácil e rápida, decidimos escolher o ódio e tudo bem. Isso porque cada acesso de raiva é justificado pela justiça, sendo o manto que acoberta a raiva de nossas ações. Escolhemos tomar uma ação ruim para extravasar o que guardamos de pior em nós, mas não porque importamos com alguém. Escolher o mal é a desculpa perfeita para evidenciar o quanto somos ruins.

Características de alguém movido por indignação

A indignação deixa marcas visíveis nos indivíduos em que toca. Por meio dela, mostramos o quanto podemos ser vorazes diante dos males que presenciamos no mundo. Como qualquer outra coisa em excesso, pode ser bastante ruim, a depender do limite que foi ultrapassado. Um indignado, geralmente, mostra:

Compaixão seletiva

Ele se compadece pela dor e sofrimento do outro de forma natural, ainda que bastante pessoal. O lado emocional sentido ficam mais à flor da pele, de modo que ele demonstre reações mais exageradas de sentimentos. Isso inclui a raiva, o desgosto e até a felicidade quando a vingança é concluída.

Quanto ao agressor, tudo de negativo que guarda é direcionado a ele, sem culpa ou identificação.

Contenção

Um ser indignado pode desconhecer o significado da palavra limites. Ele não se abstém de fazer o que precisa ser feito em favor da figura atingida. Dessa forma, não se sentirá mal se exceder qualquer barreira legal ou moral. Assim, sair de sua zona de conforto social e chegar até um desconhecido é permitido em sua mente, se o agressor pagar.

Coerção

Embora ele esteja a favor da vítima, pode se voltar contra ela. Isso porque o indignado faz com que a sua visão prevaleça, intimidando a vítima a enxergar como ele. A magnitude da injustiça precisa ser partilhada, de modo que todos se unam para acabar com ela. Se a vítima não concorda, certamente passa a ser o alvo, de modo que se assemelhe ao agressor.

Visões

Quando um indivíduo age sob o manto da indignação, acaba por inflamar ainda mais a situação. Graças a ele, a vítima não consegue se libertar do seu sofrimento e o agressor não se desfaz da sua culpa. O indignado é a variável que permite uma certa perpetuação daquele momento. É ele quem não deixa toda a história chegar a um ponto final.

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    O indignado não permite que haja uma reconciliação mais pacífica e saudável. Mesmo que a situação não atenda a ele, não ficará satisfeito até que o agressor seja aniquilado. A humilhação dele se torna o alvo de suas ações. Egoísta que se torna, não se importa se aquilo causa mais dor nas vítimas.

    Exemplo

    Infelizmente, o Brasil está cheio de casos onde a indignação prevaleceu. Um dos mais chocantes aconteceu há alguns anos no Guarujá, São Paulo. Em 2014, Fabiane Maria de Jesus teria sido confundida com uma sequestradora de criança que, segundo boatos, fazia magia negra. A população se revoltou com a notícia e partiu em busca dela, a espancando.

    O que acontece é que tudo não passava de uma notícia falsa. O boato surgiu a partir da publicação de um retrato falado em uma página do Facebook. Por conta disso, moradores da região acharam que era Fabiane e arrastaram a mulher, decidindo fazer justiça com as próprias mãos. Infelizmente, ela não resistiu às agressões e veio a óbito.

    Note o peso que um boato causou na vida de tantas pessoas. Incomodadas por aparentemente a justiça não se importar com a suposta agressora, se colocaram no lugar das vítimas. Naquele momento, passaram a ser juízes, júri e executores, decidindo o futuro da mulher. Só pararam depois que ela deu seu último suspiro e, com isso, se sentiram vingados.

    A indignação pode ser mais comum que pensamos, mas ainda assim não diminui o efeito nocivo que carrega. Toda a situação é canalizada de modo que toda a carga recaia na figura do agressor. A partir daí, ele se torna o alvo, motivado pela sensação de injustiça. Assim como ele, a vítima também sofre, visto que perde a voz.

    Sem a intervenção dela, é possível que vítima e agressor entre em um acordo. Isso porque podem trabalhar juntos e de forma saudável para acharem uma solução. Eles podem se reconciliar com as próprias escolhas, propondo um novo começo de perdão e alívio a cada um.

    Constelação Familiar

    É interessante notar como nos ligamos com a dor do outro, embora seja difícil de entender à primeira vista. Nesse caminho, por que não se inscreve em nosso curso online de Constelação familiar? Averiguar as causas do comportamento humano fica mais fácil quando temos a ferramenta certa.

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