Constelação Familiar

Filhos que exploram os pais financeiramente

Nesse artigo nós vamos falar sobre um assunto delicado: filhos que exploram os pais financeiramente. Muitas famílias vivem nessa situação, mas encontram dificuldades para lidar com esse problema. Por isso, fique atento para entender melhor o assunto a partir de diferentes fatores.

Filhos que só querem o dinheiro dos pais

Antes de mais nada, nós precisamos esclarecer alguns pontos. O assunto aqui não faz referência aos filhos que ainda são crianças e/ou adolescentes. Isso porque eles ainda precisam, e são assegurados por lei, receber o cuidado dos pais.

Contudo, enfatizamos também que o assunto não diz respeito aos filhos que possuem alguma deficiência física ou mental. Ou seja, vamos tratar aqui dos filhos maiores de idade, até mesmo casados, e que possuem condições para o próprio sustento.

Entretanto, não o fazem por ter conforto financeiro dos pais. Esse é o caso que queremos tratar neste artigo. Antes de qualquer julgamento, é importante entender bem o contexto em que essa situação ocorre, visto que são diversos os catalisadores dessa dependência.

Mudanças culturais e geracionais

A cultura é um elemento que deve ser considerado para entender o caso dos filhos sustentados pelos pais. Se fizermos um panorama das últimas gerações, podemos notar mudanças significativas na constituição familiar nas últimas décadas.

No tempo dos nossos avós ou pais, dependendo da idade, era natural sair de casa cedo. O casamento era a principal justificativa e muitos se viam atrelados ao objetivo de constituir uma família. Porém, isso tem mudado e muito.

Afinal, nos últimos anos, percebe-se que os filhos não têm mais aquele desejo de casar. Se antes a principal motivação era o casamento para sair de casa, hoje em dia muitos preferem investir na carreira. Além disso, tem outros que têm como objetivo viajar pelo mundo.

Alto custo de vida e dificuldades financeiras

Nesse sentido, os fatores financeiros impactam na dependência dos filhos. O custo de vida tem aumentado a cada ano, desde elementos básicos até o preço de imóveis e aluguel. Por mais que muitos queiram sair de casa, não se veem motivados a enfrentar as obrigações da vida adulta.

Não é à toa que muitos filhos continuam morando na casa dos pais mesmo aos 30, 40 anos. Parece que nunca há condições financeiras para sair da casa dos pais. O nível de desemprego só aumenta no Brasil e cursar faculdade muitas vezes não tem o mesmo impacto que antes.

Essa situação cria diversos conflitos, principalmente devido às diferenças geracionais. Perceba que, pais e filhos possuem valores e princípios diferentes. Assim, pode ser um tormento continuar vivendo sob determinadas regras impostas pelos donos da casa.

Filhos dependentes dos pais

Entretanto, devemos levar em consideração os filhos que não fazem nenhum esforço para mudar sua situação. Para exemplificar bem essa figura, vamos lembrar do personagem Tuco de A Grande Família. A série é muito conhecida por ser exibida durante muitos anos na Rede Globo.

Tuco sempre cresceu sem grandes responsabilidades. O “marmanjo” não trabalha com a justificativa de estudar para o vestibular e ingressar na faculdade. Porém, Tuco não gosta de estudar e passa boa parte dos dias dormindo.

Esse personagem só quer saber de curtição, afinal ele sempre terá roupa lavada e comida da mãe. Além da mesada que recebe do pai, ele gosta mesmo é de sair à noite. Tuco só se torna responsável quando se torna pai.

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    Filhos casados dependentes dos pais

    Contudo, engana-se quem pensa que somente os filhos solteiros dependem dos pais. Há casos de filhos casados que também dependem dos pais financeiramente. Não por acaso que há pais que pagam as contas dos filhos casados e ainda fazem as compras do mês. Ainda, bancam até mesmo programas de lazer.

    Pela facilidade, muitos filhos optam por construir sua casa no mesmo quintal da casa dos pais. A justificativa mais usada é o alto custo do imóvel e aluguel, como mencionamos anteriormente. Entretanto, a proximidade dos pais dá a sensação de segurança e uma relação de dependência.

    No caso dos filhos que já são pais, a situação pode ser ainda mais complexa. Os avós se sentem tentados a ajudar os netos, assim se tornam também seus provedores financeiros. Com a chegada dos netos, muitos avós se veem na responsabilidade de ajudar os filhos com os gastos. 

    Filhos sustentados pelos pais: quem são os culpados?

    Até agora trouxemos alguns fatores que impactam na dependência financeira dos filhos. Mas será que podemos encontrar um culpado para essa situação? Todos nós estamos suscetíveis a passar por algum aperto financeiro e precisar da ajuda dos pais.

    Entretanto, é preciso observar essa dependência desde cedo. Acontece que muitos pais não se sentem seguros para “enviar os filhos para o mundo”. Não incentivam os filhos a trabalhar ou facilitam em todas as etapas, assim, fica difícil tornar filhos independentes.

    A responsabilidade de ser pai e mãe impede que muitos ensinem seus a voar com as próprias asas. Muitos ainda por passar por alguma situação difícil no passado, assim, não querem ver seus filhos passando por algo semelhante. Por isso demoram a impor limites desde a mais tenra idade.

    Dependência ou insegurança?

    Como visto anteriormente, a dependência financeira dos filhos está relacionada com a insegurança dos pais. A dependência financeira pode na verdade esconder raízes mais profundas. Estamos nos referindo à dependência emocional de ambas as partes.

    Os pais podem ter a insegurança não só de um mundo perigoso, mas de ficarem sozinhos. Por isso, acostumam os filhos a todas as regalias. Parece que estão dispostos a pagar para ter os filhos sempre por perto.

    Por outro lado, muitos filhos aproveitam dessa dependência emocional para tirar vantagem da situação. Eles se tornam parasitas financeiros. Ou seja, são indivíduos que vivem à custa alheia por exploração ou preguiça. Eles usam de artifícios e chantagens emocionais, consciente ou
    inconscientemente.

    Considerações finais sobre filhos que exploram os pais financeiramente

    Como você pode ter notado, a situação tratada neste artigo é bem complexa e toca em diversos fatores. Sabemos que educar os filhos não é uma tarefa fácil, mas é preciso saber encontrar um equilíbrio nesse processo. É preciso saber dizer ‘não’ hoje para não tornar a situação irreversível futuramente.

    Compreenda que os limites são necessários em qualquer relação, inclusive com os filhos. Por isso, saiba que uma resposta negativa não te fará um pai ou mãe ruim. Entenda também que sua responsabilidade com os filhos não dura a vida inteira.

    Ou seja, os pais precisam buscar ajuda para entender melhor suas angústias em relação aos filhos. Já pensou por que você se sente na obrigação de sempre socorrer seu filho financeiramente?

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    2 thoughts on “Filhos que exploram os pais financeiramente

    1. Muito interessante o artigo, pois toca num nível profundo, que tenho notado ser a dificuldade de muitos pais: Educar os filhos para o mundo. Seria bastante proveitoso um contraponto ao tema: Filhos que, por circunstâncias adversas são dependentes dos pais e sentem-se diminuidos por isso. Como citado, a questão do desemprego tão alto no país, principalmente no último ano, tem levado filhos a se tornarem dependentes finaceiramente dos pais novamente, após um período de independência. E isso também traz dificuldades para os filhos que, muitas vezes, mesmo tentando se tornar independentes novamente, não têm conseguido alcançar o objetivo.

      1. Este artigo é muito interessante, estou a pesquisar pois passo por uma situação semelhante. Meus avós maternos me registraram como filha deles, me sustentaram quando criança e até quando jovem adulta (um período após a faculdade), porém minha mãe e meus tios já em idade de estarem financeiramente independentes também eram sustentados por eles. Resumindo, meu pai-avô faleceu em 2015, deixou uma pensão relativamente boa a minha mãe-avó, toda via, ela pegou essa pensão e sustentava a casa, mantinha seus filhos na casa dos 50 anos e negligenciou-se até seu falecimento no início de abril de 2021. Agora estão todos desempregados (inclusive eu que fui dispensada do meu serviço em janeiro), sem dinheiro e sem saber o que fazer, no que trabalhar e como trabalhar, meus tios estão com 50 e poucos e não têm expectativa de trabalho, tão pouco de independência financeira, é triste de se ver.

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