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Autismo e constelação familiar: teoria e aplicações

Nos últimos meses, o tema “autismo e constelação familiar” ganhou certa projeção midiática. Várias inverdades começaram a ser divulgadas quanto à origem do autismo dentro da constelação familiar e a respeito do tratamento que as pessoas com autismo recebem nas sessões com um constelador.

Este artigo tem o propósito de abordar como a prática terapêutica criada por Bert Hellinger pode auxiliar no tratamento de pessoas com TEA e ajudar as famílias a lidarem melhor com o diagnóstico. Consequentemente, abordaremos as polêmicas mais relevantes sobre o assunto para nos posicionarmos enquanto instituição formadora de profissionais consteladores.

Por que falarmos em autismo e constelação familiar?

É necessário deixar claro que pessoas com autismo não devem jamais ser discriminadas por um constelador. Além disso, o ponto central do nosso trabalho não é teorizar a respeito das causas para transtornos para os quais nem mesmo a ciência tem uma resposta definida.

No entanto, alguns casos isolados de discriminação e obscurantismo a respeito do tema levaram pessoas a desenvolverem uma desconfiança infundada com relação à constelação familiar.

Por que sabemos da importância e da efetividade de constelar, julgamos de extrema importância esclarecer esses desentendidos.

Para começo de conversa, o que saiu na mídia?

Em linhas gerais, a mídia tem apontado preconceitos nas falas de consteladores no que diz respeito ao autismo. Esse preconceito diz respeito aos pressupostos que esses profissionais assumiram no tocante à origem do problema.

Para alguns terapeutas, o autismo seria uma consequência da existência de abortos e assassinatos em um sistema familiar. Inclusive, uma consteladora apontou que a condição de saúde de uma pessoa autista é  “normalmente sistêmica, resultado de um assassinato no sistema”.

Obviamente, tais afirmações não tem nenhum embasamento científico e são uma clara demonstração de uma falácia argumentativa clássica. 

Correlação não implica causalidade – Cum Hoc Ergo Propter Hoc

Quando falamos nesse tipo de raciocínio, o erro está em assumir uma causalidade a partir de uma correlação.

É verdade que muitos consteladores, ao investigarem sistemas familiares de pessoas autistas, esquizofrênicas e bipolares, descobriram uma frequência expressiva de abortos e assassinatos. No entanto, deduzir que essas ocorrências afetariam o sistema de tal forma a afetar a vida de uma criança gerações depois é dar um salto conclusivo grande demais. 

Estamos diante de uma possível correlação, não de uma causa.

Ademais, o fato de alguns consteladores assumirem essa falácia não pode ser compreendido como se fosse a crença de toda a classe de profissionais. Na realidade, os consteladores sérios trabalham investigando maneiras de trazer equilíbrio para o sistema a partir do diagnóstico. 

Na própria fonte da prática terapêutica, que é Bert Hellinger, a correlação entre autismo e assassinatos ou abortos não está presente. Ou seja, tal raciocínio não tem base nem científica e nem na própria teoria central da constelação familiar.

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    Algumas considerações sobre o autismo

    Dito isso, primeiro vamos conversar sobre autismo e constelação familiar isoladamente para depois mostrarmos como a prática terapêutica pode ser útil na vida de pessoas com autismo e suas famílias.

    O que é autismo?

    O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é, em linhas gerais, um distúrbio do neurodesenvolvimento que se reflete em:

    • desenvolvimento atípico do indivíduo;
    • padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados que podem ser vistos em séries e filmes que têm abordado o assunto, como The Good Doctor (ABC, disponível no Brasil pela Globoplay) e Atypical (Netflix);
    • déficits de comunicação;
    • dificuldade de interação social.

    Como se dá a obtenção do diagnóstico?

    Os profissionais mais indicados para confirmar o diagnóstico de TEA são o neurologista pediátrico e o psiquiatra infantil.

    Os especialistas dão o diagnóstico a partir de três abordagens:

    • a observação da criança;
    • entrevistas com os responsáveis;
    • instrumentos de vigilância do desenvolvimento infantil, que oferecem diretrizes de análise.

    Quais são as causas que culminam no desenvolvimento do Transtorno do Espectro Autista?

    Aqui vem um ponto importante: a etiologia – isto é, a determinação das causas e origens de um fenômeno, no caso do TEA, é desconhecida.

    A ciência apenas sugere que há fortes evidências apontando para a interação entre fatores genéticos e ambientais.

    E a constelação familiar? Essa terapia serve para quê e para quem?

    Mais acima, já comentamos sobre o que a constelação familiar não diz de forma categórica no caso do autismo. 

    Contudo, se queremos falar sobre autismo e constelação familiar, é importante falar o que a constelação familiar de fato prega com relação a QUALQUER desequilíbrio no sistema familiar. 

    Veremos mais abaixo que o autismo, de fato, traz desequilíbrio, mas não pelas razões que ganharam apelo midiático.

    A pretensão de Bert Hellinger: uma prática terapêutica sistêmica

    A constelação familiar é uma prática terapêutica que objetiva solucionar problemas familiares que atravessam gerações.

    Essa proposta parte do pressuposto de que famílias são sistemas que podem se desequilibrar. Por isso, Hellinger sugere que respeitar três leis básicas vai ajudar as pessoas a restaurar o equilíbrio de seus sistemas. Dessa forma, melhorando a comunicação, o convívio e o bem-estar não apenas em família, mas em salas de aula, empresas e até mesmo em tribunais.

    Nas sessões realizadas pelos profissionais consteladores, entre as técnicas comumente empregadas estão a constelação em grupo ou com bonecos, de modo a materializar a interpretação subjetiva de cada pessoa passando pela constelação e ajudá-la a encontrar pontos de desequilíbrio que merecem atenção.

    As principais áreas que se beneficiam da Constelação Familiar 

    Apesar do descrédito que as pessoas estão atribuindo à constelação familiar, vale destacar áreas em que a prática é reconhecida como uma ferramenta poderosa de convívio e  bem-estar. São elas:

    • Direito de Família – mediação de conflitos;
    • Educação – relacionamento entre aluno e professor;
    • Negócios e corporações – trabalho em equipe e hierarquias organizacionais.

    O que a teoria da constelação familiar tem a dizer sobre problemas de saúde como o autismo?

    Uma abordagem que considera autismo e constelação familiar como temas sérios preferem tratar da maneira como um diagnóstico de TEA afeta o sistema familiar.

    Essa é uma alternativa mais eficaz em termos terapêuticos do que ficar procurando por motivos que até mesmo a ciência desconhece para o desenvolvimento do transtorno na vida de uma criança.

    Assim sendo, o que buscamos aqui é defender a constelação como uma ferramenta de amparo e auxílio a tratamentos médicos para a reabilitação da criança e para o equilíbrio do sistema familiar.

    Tratamentos para autistas 

    Nesse contexto, confira como consteladores com um posicionamento moderado trabalham com autismo e constelação familiar:

    Constelação familiar de pessoa autista

     

    • Melhorias na comunicação

     

    Essa abordagem tem como objetivo trabalhar o contato da pessoa com TEA com as pessoas do seu convívio para que ela seja mais efetiva e satisfatória para todos.

     

    •  Aperfeiçoamento do relacionamento entre o autista e os membros de sua família

     

    Outro ponto que merece atenção nas sessões de constelação é a aproximação da pessoa com TEA de sua família, pois o diagnóstico e as dificuldades de comunicação tendem a trazer estremecimentos para esse relacionamento.

    Constelação familiar de filho autista

     

    • superação do luto

     

    Quando um casal descobre o diagnóstico de um filho, enfrenta-se um momento crítico dado que de modo geral os pais anseiam por crianças perfeitas. 

    Quando um filho frustra essas expectativas, mesmo sem culpa, é necessário trabalhar a aceitação do diagnóstico e o luto decorrente desta sentença. 

     

    • construção de um novo nível de equilíbrio

     

    Nesse ponto, o terapeuta propõe alternativas saudáveis para como a pessoa doente e sua família interpretam a doença. Essa interpretação visa a uma aceitação que traga de volta o equilíbrio do sistema.

    Ademais, estuda-se em conjunto com o terapeuta estratégias para lidar com os de fora no tocante ao desrespeito com o problema de saúde.

     

    • manutenção da saúde dos relacionamentos do sistema

     

    Por fim, com o objetivo de evitar problemas no relacionamento conjugal, com os outros filhos, com pessoas de fora independentemente do grau do autismo, é imprescindível monitorar a saúde desses relacionamentos a fim de observar como o diagnóstico afeta as pessoas de modo individual.

    Considerações finais sobre autismo e constelação familiar

    Esperamos que a nossa discussão sobre autismo e constelação familiar tenha mostrado para você uma outra perspectiva sobre como a prática terapêutica afeta pessoas com TEA e suas famílias. Para entender mais a fundo como nós exercemos a constelação por aqui, matricule-se em nosso curso de constelação familiar 100% online e com certificado. Além de aprender, você pode atuar profissionalmente como constelador de maneira séria e sem discriminar ninguém. Te esperamos!

    2 thoughts on “Autismo e constelação familiar: teoria e aplicações

    1. Gostei muito do tema desenvolvido, a Constelação pode ajudar os membros de uma familia a lidarem melhor com um membro diagnosticado com autismo.

    2. A constelação pode ajudar a familia, obter uma melhor harmonizaçao entre os membros e o autista, e vice-versa.

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