Constelação e RelacionamentosConstelação Familiar

Adoção de crianças na visão da Constelação Familiar

Para quase todos, ter um filho é um momento de felicidade extrema. Mesmo para quem não pode gerá-lo, a energia vitalícia e juvenil de uma criança adotiva transforma um lugar, mesmo não sendo o local em que foi gerada. Por isso, entenda melhor como funciona a adoção de crianças na Constelação familiar e como fazer isso dar certo.

Quem precisa mais?

A adoção é vista por muitos como um gesto de altruísmo e generosidade. Nem todos se dispõem a cuidar de uma criança que não é sua. Contudo, a Constelação familiar tem uma perspectiva bem diferente sobre isso. Ela afirma que o real motivo de adotar alguém é a compensação, seja pessoal ou da criança.

Hellinger leva uma questão sobre o tema: quando adoto por não poder ter filhos, quem precisa mais de quem? Ele afirma que na adoção muitos pais esquecem de quem deveriam estar cuidando e passam a ser cuidados pelas crianças. Embora sejam as crianças que precisem realmente de carinho e atenção, os adultos acabam as usando para suprir suas necessidades emocionais.

À princípio, apenas pensar nesse movimento já empurra a adoção para a ideia de um fracasso. A quebra da ordem natural da hierarquia põe o que deveria ser bom a perder. Isso porque o adulto passa um poder de gigante a uma criança, já que esta dá ao invés de receber. Fazendo esse caminho, tanto

As três leis do amor

Nessa situação, podemos observar que há uma quebra nas leis fundamentais que regem uma família. O desrespeito involuntário a elas é o que ajuda a desmoronar essa nova família em formação. Já que não há como caminhar nessas trilhas que levam a uma família saudável, tanto os pais quanto a criança acabam caindo. Não custa relembrar cada uma:

Lei da hierarquia

A primeira lei indica que em toda família deve haver uma ordem natural. Os mais velhos vêm antes dos mais novos, cabendo a esses últimos respeitar seus antecessores. Em contrapartida, os adultos devem ensinar e suprir as necessidades dos mais novos. Como visto na situação acima, as posições se inverteram, comprometendo o progresso familiar.

Lei do pertencimento

A partir do momento em que nascemos, temos o direito inerente e irrefutável de pertencer à família biológica. Na adoção, é comum que alguns pais queiram retirar qualquer lembrança ou pensamento sobre a família de origem. Entretanto, é essa tentativa de apagar a história original da criança que acaba prejudicando a relação em potencial. Não existe respeito ou ensinamentos sobre a origem.

Lei do equilíbrio

Essa lei defende que devem existir trocas igualitárias para que uma relação dê certo. Infelizmente, alguns pais acabam depositando na criança uma forma de se suprirem emocionalmente. Mesmo sendo tão pequena, a criança é responsável pelo gatilho de vida dos seus pais adotivos. Como aqui apenas uma parte está dando, e de forma inadequada, essa família acaba tendo dificuldades.

Para que direção flui o amor?

Muitos pais adotivos acabam condensando o amor que possuem na ideia de adotar e não no indivíduo em si. Assim, a criança se torna um objeto de vaidade, um acessório sentimental. Isso porque, como dito acima, a adoção é vista como um gesto supremo de dedicação. Infelizmente, alguns pais acabam se dedicando ao caminho errado e desviam o fluxo do amor.

Adotar alguém deve ser visto e feito como um redirecionamento do amor que possuímos. Entre os pais adotivos e a criança deve existir um rio onde as águas correm na direção certa. Esse rio deve ser movido pelo que deseja quanto a ela, correndo como deve fluir e sem interrupções. O amor sabe intuitivamente para que lugar deve seguir.

A adoção involuntária

Por quaisquer que sejam os motivos, há adoções involuntárias em que os tios e avós acabam tomando a responsabilidade de cuidar de uma criança. Judicialmente, eles possuem um direito inerente à guarda quando os pais são impossibilitados. É uma espécie de adoção involuntária, visto que possuem direitos legais sem ao menos requisitarem.

É preciso tomar cuidado ao se deparar com essa situação. Isso porque um indivíduo facilmente pode acabar tomando o lugar do outro. Como forma de reparação, o círculo familiar os empurra a repetir papéis. Dada à natureza da separação, isso pode não ser bom nem a um nem ao outro.

O que faz a adoção dar certo?

Olhando o que foi conversado acima, os pais adotivos precisam reconhecer o seu papel como tal e a criança também. Ao invés de apenas ignorar o que aconteceu antes, devem permitir que o jovem saiba de suas origens. Esse esforço é o que ajudará a adoção ser mais efetiva e trabalhada. Portanto:

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    Os verdadeiros pais

    Os pais biológicos sempre serão os pais da criança. A mesma nasceu no campo familiar dessa família e portanto pertence a ele. É um vínculo que não podemos dissolver nem ao menos tentar. Com base nisso, entender esse ponto ajuda a suceder bem o ato adotivo.

    Mostre a criança as suas origens

    Não há problema algum da criança saber que é adotada. Entretanto, não retire essa parte da história dela. Mostre que ela deve respeitar a sua jornada e a sua história. Isso não diminuirá sua participação como mãe ou pai.

    Respeite os pais biológicos

    A depender do caso, muitos pais adotivos procuram julgar os biológicos. Cabe ressaltar que muitos se repreendem quanto a isso, não conseguindo evitar tal argumento. Contudo, mostre respeito às origens da criança e aos seus destinos. Foi por conta deles que você conseguiu realizar o seu sonho.

    Agradeça

    Além do respeito, agradeça a imagem dos pais pela chance que tem de cuidar dessa pequena vida. Graças a eles, você pode repassar o seu amor e ensinamento a alguém que precisava muito disso. Ainda que não verbalize, carregue esse sentimento de gratidão consigo.

    Ainda que muitos guardem ressalvas, a adoção é um forma de se conectar com alguém necessitado. Claro, isso corrobora com a situação emocional dos pais, mas não retira o brilho do ato. Contudo, os pais devem se ater à composição natural da família como forma de preservá-la. São as crianças que precisam dos pais, não o contrário.

    Trabalhe para respeitar a composição social e do campo familiar da criança. Ela possui pais biológicos e uma outra história. Jamais tente interferir, mas agregue os eventos relacionados a esse momento. Dessa forma, você vai garantir um novo recomeço a esse jovem, bem como a você mesmo.

    Curso de Constelação Familiar

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