O amor pelos pais é algo que parece óbvio e claro, mas é um sentimento que pode ter muitos desdobramentos. O amor pelos pais é muitas vezes simples e leve. No entanto, muitas vezes se torna num processo complexo e difícil.
Você já se questionou sobre isso? Se esse amor que sentimos por nossos pais é algo limitante ou natural? Se traz apenas benefícios ou, por vezes, pode ser a razão de muitas emoções que nos atrapalham?
O amor do filho pelos pais
Todo o filho ama seus pais. Mesmo quando, por algum motivo, ele tenta mostrar o contrário, podemos ver claramente que isso não é real. O filho quer que esse amor seja sempre correspondido e presente.
Contudo, quando somos ainda muito crianças, é difícil não sentir, por vezes, que esse amor foi interrompido por algum tipo de situação. Isso pode ocorrer em uma situação em que a criança sente que precisa muito do afeto dos pais. Contudo, eles não podem atender a essa necessidade no momento quer porque não conseguem encontrar a criança. Isso seja por causa do trabalho ou das diversas atividades a que sujeitam seus filhos.
Como a criança ainda não tem a capacidade de fazer a leitura do todo sobre a situação, é comum que ela se sinta abandonada. Contudo, quando a criança tem este sentimento dentro dela, isso fica gravado de forma profunda em seu inconsciente. Assim, a leva a criar uma barreira com relação a confiar em quem ama.
Se ela pensa que seus pais, a quem ela tanto ama, são capazes de abandoná-la, sob o ponto de vista dela, então todos os outros também serão. Dessa forma, começam a ser criados os traumas e medos que carregamos pelo resto de nossas vidas.
Rejeição e afastamento
É nesse momento também que se começa a criar um afastamento inconsciente me relação ao amor e ao afeto. Isso tudo ocorre, muitas vezes, porque não somos preparados para compreender nossas emoções. Ninguém nos ensina a gerir nossas emoções desde pequenos. Assim, passamos a achar que sofrer, que sentir que o que a criança sente, trata-se de algo que não importa.
Assim, as crianças vão aprendendo a gerir suas emoções sozinhas, sem ter a capacidade e o conhecimento para fazerem uma leitura correta do que ocorre ao redor delas. No entanto, acontece cada vez mais, uma vez que os pais não têm mais tempo para estarem com seus filhos. São ambientes em que os bebês, desde cedo, passam mais tempo em escolas do que em casa.
Esse afastamento prematuro das relações entre pais e filhos também contribui para essa sensação de abandono e de sofrimento com relação ao amor. Os pais tentam acreditar que mostram amor dessa maneira, e que os filhos acabarão por se acostumar.
A relação entre o amor pelos pais e a vida adulta dos filhos
Sim, é verdade que filhos de pais distantes se resignam e se acostumam. Contudo, será que eles compreendem? Será que não sofrem demais no momento em que lhes era tão fundamental sentirem-se acolhidos?
Quando nos tornamos adultos, nosso consciente e inconsciente está repleto das memórias vividas. Isso desde a nossa infância. Nesse contexto, a maior parte delas inclui os nossos pais e o nosso seio familiar. É aí que construímos grande parte de nossa personalidade e de nosso caráter.
No entanto, quando adultos, muitas vezes achamos que muitos dos detalhes do que passamos ficou esquecido lá atrás. Cada detalhe ficou registado, tanto positivo ou negativo. É importante destacar que isso é feito de acordo com a leitura que foi feita naquela época. Assim, guarda pouca relação com a compreensão do que possuímos agora.
Nesse contexto, a Constelação Familiar ganha aqui uma grande importância. Isso justamente porque entra nesse processo de conhecimento do que ficou registado em nosso subconsciente com relação aos nossos pais.
O que fazer hoje para resolver problemas que nasceram no passado
É necessário compreender que muito do que somos e sentimos hoje tem origem naquilo que vivemos no passado. Assim, o que acontece dentro da nossa relação afetiva com nossos pais se mostra como uma bela janela para o autoconhecimento e para resolução de muitos problemas.
Ademais, importa compreender que naquele momento em que nos sentimos abandonados, os pais tenham feito isso por amor. São bons exemplos os casos de pais e mães que trabalharam durante toda a infância dos filhos achando que nutri-los financeiramente era a melhor decisão. Assim, para que não faltasse nada na vida do filhos, sacrificaram seu relacionamento com eles.
Essa é uma perspectiva que pode trazer uma nova visão sobre o amor.
Compreender ainda que os pais também são seres falhos e que, mesmo podendo ter errado, muitas vezes estavam procurando acertar é importante. Considere ainda que eles estavam presos a crenças e conceitos limitantes com que foram educados. Trata-se de algo que pode trazer serenidade para o relacionamento e para as memórias também.
A Constelação Familiar e o amor pelos pais
A Constelação Familiar busca trazer uma luz e um conhecimento maior sobre o que aconteceu com este relacionamento, que é tão importante. Assim sendo, será possível permitir que essas pessoas possam se harmonizar consigo mesmas e com seus pais.
São inúmeros os casos de pessoas que têm dificuldades em relacionamentos afetivos, que não conseguem confiar em ninguém. Há ainda aquelas que desenvolvem diversos tipos de medos e traumas que podem ser solucionados através da terapia sistêmica.
O importante nesses contextos é que seja possível respeitar as leis do amor, isto é, a forma natural das relações e do amor entre pais e filhos. Esses são conceitos próprios da Constelação Familiar, e os detalhamos mais abaixo.
As Leis do Amor aplicadas ao relacionamento entre pais e filhos
A primeira ordem do amor entre pais e filhos recomenda aos filhos que aceitem a vida como ela lhes é dada. Assim sendo, devem aceitar os pais como eles são, da forma que são.
A segunda ordem do amor diz respeito a dar e tomar. Dessa forma, funciona quando o filho aceita como suficiente tudo aquilo que seus pais lhe dão e é grato por isso. São exemplos o amor, alimento, roupas, e casa.
A terceira ordem do amor pede que o filho respeite aquilo que pertence aos nossos pais. Dessa forma, deve permitir que eles façam o que somente eles podem e devem fazer. Um exemplo claro disso é quem nem sempre um talento que um pai ou uma mãe tem, poderá ser passado para o filho. Assim, o filho não deve se sentir frustrado por isso, mas sim buscar seus próprios talentos pessoais.
A quarta e última ordem do amor tem relação ao fato de que os pais são grandes e os filhos pequenos. Isso significa que os pais sempre darão mais do que os filhos poderão contribuir. Esse é um processo natural. Assim, a reciprocidade se estabelece quando os filhos aceitam o que lhes é dado com gratidão e passam isso mais tarde para seus filhos.
Comentários Finais
Neste artigo, observamos como as constelações familiares podem nos ajudar a compreender as ordens do amor aplicadas ao nosso relacionamento com nossos pais. Assim, ao se estabelecer essa ordem, muitos problemas podem ser sanados de forma natural em nossas vidas.
Essa aceitação sobre nossas relações com nossos pais pode também nos fazer agir melhor com relação ao amor. Isso já que as primeiras relações de amor se estabelecem entre pais e filhos. É por isso que, em algumas sessões de terapia sistêmica conseguimos ver um representante de nós interpretando nossa visão sobre nossa relação com nossos pais.
Essa noção mais clara e aberta de como estabelecemos as ordens do amor com nossos pais traz inúmeros benefícios para nossa saúde mental e na forma como nos relacionamos com os outros e também com a vida.
As constelações sistêmicas acreditam que esse reconhecimento do amor pelos pais é fundamental para o nosso bem-estar emocional e para a nossa qualidade de vida. Quando você aceita e entende essa relação entre pais e filhos, se estabelece uma aceitação do seu próprio eu.
Como é a sua relação com seus pais? Alguma vez já pensou em como isso afeta você? Conte para nós a sua opinião ou conte se já fez alguma sessão de constelação familiar com esse objetivo.
Por fim, saiba que estudar para ser um constelador é interessante levando em consideração o que comentamos sobre o amor pelos pais. Assim, caso tenha interesse, confira o nosso curso EAD. Nele você consegue um certificado de constelador, ainda que queira aplicar os conceitos a nível pessoal. Seja qual for o seu objetivo, nada se perde.