Ligar-se emocionalmente a uma pessoa pode se tornar um problema, quando se ultrapassam determinados limites. Em vez da construção de um relacionamento sadio, dá-se início a uma espiral de declínio nessa ligação. Entenda o significado de dependência emocional e como trabalhar essa entrega excessiva.
O que é dependência emocional?
Dependência emocional é uma condição psíquica/comportamental na qual um indivíduo se torna refém emocional do parceiro. Basicamente, ele precisa de alguém para que consiga se sentir realmente feliz. O problema é que esse tipo de relação costuma ser um contato danoso para ambas as partes.
Na prática, o dependente se mostra uma pessoa excessivamente apegada ao parceiro, de modo que sua presença se torna sufocante. Isso acontece porque, na sua mente, o outro é a razão dele ser feliz e completo. Não existe um prazer real nesse contato, um toque mútuo em que os dois se satisfazem.
Essa condição patológica cria um círculo vicioso de possessividade e ciúme, o que do convívio algo bastante tóxico. Além de exigir exclusividade, o dependente pode se valer da chantagem e manipulação para conseguir o que quiser. Sem contar que pode depreciar qualquer atividade do parceiro em que ele não esteja incluído.
Causas da dependência emocional
Precisamos ter em mente que as causas da dependência emocional são construídas e lapidadas conforme as experiências do indivíduo. Embora seja um comportamento comum na infância, isso pode permanecer enquanto amadurece. Assim que inicia um relacionamento afetivo mais profundo, o problema se acentua e fica mais perceptível ao outro.
O dependente emotivo apresenta um medo muito intenso de cometer erros, principalmente na frente do outro. Isso porque acredita que pode ser rejeitado sempre que cometer qualquer falha. Com isso, cria mais uma razão para ficar vinculado a alguém, já que não pode decidir nada sozinho.
Sem contar que a superproteção na infância acaba criando uma bolha e impedindo que esse indivíduo se arrisque. Por conta desse cuidado excessivo movido à fase adulta se sentirá inclinada a se apegar a alguém. É somente por meio disso que consegue se sentir com valorizado e percebido.
Sinais
Curiosamente, a dependência emocional pode levar certo tempo para ser vista e percebida. Tanto por quem é alvo dela e sobretudo por quem sofre dela, os sintomas são percebidos com dificuldade. Os traços mais comuns são:
Não tomar decisões próprias
O dependente emotivo tem sérias dificuldades em fazer as escolhas mais simples do seu cotidiano. Por isso que exige do outro uma série de conselhos antes de agir.
Cometer extremos com facilidade
A fim de ter apoio e carinho, pode se submeter a situações bastante comprometoras e, por vezes, humilhantes.
Não se dar bem com a solidão
Pode chegar a ficar apavorado diante da possibilidade de encarar situações nas quais ele estaria sozinho porque não sabe cuidar de si.
Depender demais
Sua depedência chega ao limite de atribuir ao parceiro e outras pessoas próximas as responsabilidades de sua vida.
Ter urgência em buscar novos relacionamentos
A urgência por sempre se relacionar com o outro surge da carência por se sentir cuidado e amparado, sobretudo logo após um rompimento.
Dizer “Sim” para tudo
Dificilmente discorda de outras pessoas para que não entre e desacordos, pois, para ele isto seria uma ameaça a segurança do relacionamento.
Alimentar preocupações sem fundamentos
Devido ao medo de ser abandonado, está sempre em estado de tensão.
Apresentar falta de autoconfiança
Por não acreditar em si e nas suas capacidades, tem dificuldades em terminar os seus projetos por insegurança sobre qualquer coisa que faça.
“Eu amo o jeito como eu te amo”
Antes de continuarmos, é preciso deixar claro algumas diferenças sobre amar alguém como ele é e amar o ato de ser amado. No primeiro caso existe um respeito e admiração, de modo que a pessoa é aceita em sua essência. No segundo as intenções são direcionadas às impressões, ao fato de ter alguém que pode ser amado, não ao parceiro.
Com isso, se inicia um jogo em que a meta é fazer com que o outro o ame intensamente. Por conta disso que muitos dependentes emotivos deixam de lado quase todas as outras partes de sua vida. Amigos, família e até trabalho perdem força quando o alvo é o amor do parceiro.
O DMS-5 indica que o problema se enquadra como um transtorno de personalidade dependente, embora nem todas dependências se enquadrem.
Relações abusivas
Uma das principais sequelas da dependência emocional é a construção sequenciada de um abuso por uma das partes. Como dito linhas acima, quem convive com um dependente emotivo é moldado diariamente conforme os caprichos dele. É como pisar em ovos, já que a relação é bastante fragilizada e desgastante.
Esse tipo de cansaço vai sendo percebido com o passar do tempo, conforme conhecemos o outro. De início, são raros os casos em que alguém percebe a dependência excessiva do outro. Os que não captam os sinais do desastre sofrem com a infelicidade de descobrir isso na prática.
Nesse caminho, surgem as relações abusivas em que um sempre coloca o outro contra a parede quando lhe é conveniente. Por exemplo, relembra casos em que se ameaça sempre a fazer algo grave uma vez terminada a relação. Infelizmente, há casos em que a patologia está tão avançada que a própria vida não importa mais e o dependente dá cabo dela.
A liberdade do amor
O caminho percorrido pela dependência emocional se mostra como um labirinto, já que acaba modificando o real sentido do amor. Na verdade, mostra-se como um desejo de posse, misturado com egoísmo e falta de percepção da própria decadência. Embora essa última parte pareça um julgamento pessoal, a realidade do indivíduo chega até a ser pior.
Precisamos ter em mente que o amor verdadeiro é construído com base na escolha livre de ambos os lados. Não existe uma necessidade em se sentir bem e melhorar a estima quando se procura ter alguém. É uma construção mútua de algo lindo, benéfico e capaz de ajudar em nosso desenvolvimento como seres humanos.
Daí que não existe convencionalismos culturais e sociais, algo bastante presente na dependência. Por isso, não se sinta pressionado a buscar alguém para obedecer o padrão de duplas tão buscado pela sociedade. Ter um parceiro somente vale a pena quando este pode nos agregar da mesma maneira como podemos fazer isso por ele.
Como lidar com a dependência emotiva
Como dito linhas acima, a dependência emocional se trata de um transtorno e precisa de assistência para ser tratada. A proposta é que o indivíduo se torne menos dependente e passe a ter mais autonomia sem sofrer com isso. Com a ajuda de um terapeuta, é preciso:
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Saber do próprio valor
É preciso trabalhar a autoestima, de modo a ter pensamentos construtivos a respeito da própria imagem. Além das suas limitações, lembre também de suas conquistas, construindo novos objetivos e sonhos. Passe a acreditar mais no seu potencial e no que pode entregar.
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Compreenda as suas emoções
Evite se prender a uma pessoa para ser feliz entendendo melhor o conjunto de emoções que carrega. Nos seus relacionamentos com família, amigos e parceiro procure refinar esses contatos e entenda de que maneira muda a vida deles. Olhe as suas emoções, contenha-as, começando a entender o seu controle sobre o caminho que pode seguir.
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Não se programe dependendo de qualquer pessoa
Além dos outros, você também possui necessidades importantes em relação à condução de sua vida. Contudo, não precisa incluir mais pessoas nisso para que as inicie ou mesmo que elas possam dar certo. Comprometa-se de verdade com o seu desenvolvimento, a partir de práticas de hobbies e diferentes atividades educativas e culturais e só então pense nos outros.
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Aprenda a ter controle sobre si
Sim, sabemos que não é fácil conter os seus impulsos, mas não se pode viver como refém deles. Exercite, diariamente, um pouco da sua capacidade de controle, percebendo como suas emoções e pensamentos influenciam em você. Por meio do autoconhecimento, entenderá seus momentos de queda, como evitá-los e se recuperar deles.
Considerações finais sobre dependência emocional
A falta de apreço pela própria existência pode levar alguém se ancorar em outra pessoa, dando origem à dependência emocional. Mesmo que isso pareça solução para ela, acaba por se revelar um problema maior para si e quem estiver perto. Mesmo sem paredes e grades reais, mostra-se como uma prisão sem qualquer janela ou espaço.
Ter consciência sobre o problema pode evitar um grande desgaste por parte dos dois lados, principalmente do dependente. Caso persista nesse caminho, jamais se sentirá seguro com o vazio e desprezo próprio que carrega. Independentemente de onde esteja, e com quem esteja, a sensação ruim nunca sumirá se não for tratada.
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