Constelação Familiar

Direito de Pertencimento na Constelação Familiar

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O direito de pertencimento é uma das bases da Constelação Familiar no método de Bert Hellinger. Assim, ao fazer o Curso de Formação em Constelação Familiar e Sistêmica, foi incrível descobrir que o Pertencimento molda nossa relação com o sistema familiar. O sistema tende a não excluir ninguém.

Muitas vezes, um membro familiar acaba fazendo um sacrifício indevido como forma de compensar um desequilíbrio que possa levar a uma exclusão. Por isso, este artigo representa o depoimento sobre minha experiência com o direito de pertencimento, na análise da minha própria trajetória e a de meus pais.

Para Bert Hellinger, todos os membros têm direito a pertencer a uma família. Exceto, é claro, no caso extremo de um ato gravíssimo, que leve aos outros membros a expulsarem o agressor. Este direito é tão forte que, quando um membro está isolado ou sofrendo, outro membro familiar pode sofrer junto com ele, ou até mesmo sofrer sozinho, procurando redimir o isolamento.

O sofrimento de minha mãe, depois que minha avó morreu

Minha mãe perdeu a sua mãe aos 2 anos de idade. Logo meu avô se casou e minha mãe foi criada por uma madrasta. Tinha um pai muito severo, que jogava todos insucessos profissionais, relacionamentos infelizes, tragédias e frustrações na criação da minha mãe. Por isso, fazia minha mãe levantar da cama com chuva e frio para cortar capim para os coelhos no mato.

Ela também era babá dos irmãos. Tinha 3 por parte de pai. Também exercia a função de empregada da casa. Ou seja, seu direito de pertencimento foi totalmente violado.

A tentativa de uma vida nova

Aos 17 anos ela conheceu meu pai e o vislumbrou como uma “FUGA E UMA REAÇÃO DE ESCAPE”. Logo ela se casou ela. Mal sabia que estaria nas mãos de uma pessoa com as seguintes características:

  • perversa;
  • manipuladora;
  • dominadora;
  • impulsiva;
  • preguiçosa.

Estas características estavam disfarçadas na figura de um salvador.

Mais uma vez ela teve o direito de pertencimento violado

Ele fazia todas as ruindades possíveis com ela. Ao querer ajudá-la, meu tio avô por parte da família de minha mãe comprou um armazém completo e colocou nas mãos do meu pai.

Devido a sua falta de responsabilidade, deixou o armazém falir. Ele só queria saber de jogar e ainda obrigava minha mãe a levar comida pra ele no armazém.

Um dia, deu um branco na cabeça dela, e ela se perdeu. Não sabia voltar pra casa e quando voltou ele estava a espera dela. Ouviu poucas e boas dele e, como sempre, só ele tinha razão, pois não acreditava no que ela contava.

Com isso, surgia mais um sofrimento. Ele a acusava de ter outro e, mais uma vez, ela tinha seu direito de pertencimento violado.

Somos produto da soma dos nossos pais

Nesse acúmulo de experiência, é forjada a nossa história. Nessa noite por sorte ela engravidou de mim. Como minha mãe sofreu com isso! Para ele, eu era filha de outro homem.

Por isso, minha mãe teve que começar a lavar roupa e passar pra fora para conseguir fazer o meu enxoval e conseguir se alimentar.

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    Ele chegava em casa e arrebentava o varal com roupa. Jogava tudo no chão e ela chorando, lavava tudo de novo. Jogava comida fora, pra ela não comer, batia nela. Além disso, o quintal era de barro e ele esfregava o rosto dela no chão.

    Nós somos a soma de nossos pais. A dualidade deste sentimento é um peso para qualquer indivíduo.

    O direito de pertencimento de minha mãe ainda estava sendo violado

    Eu nasci e pra sorte dela, eu era a cara dele. Quando foi chegando a hora de eu nascer, minha avó, madrasta da minha mãe, a levou pra casa dela. Isso, porque meu pai dizia que se tivesse alguma coisa diferente, ele matava minha mãe e a criança. Quando ele me viu, muito parecida com ele, ficou todo bobo me encheu de mimos.

    Ele começou até a trabalhar de vendedor ambulante pra me dar tudo de bom e onde ia, me levava. Comia e dormia comigo no colo, cresci sendo a filhinha dele, mas as maldades com a minha mãe continuavam.

    Logo, somos o fluxo de uma história que chegou através dos meus antecessores.

    Uma tentativa de proteger a minha mãe

    Já com quinze anos, eu não aceitava que ele maltratasse minha mãe e o conflito entre eu e ele era forte. Por defender a minha mãe, ele foi virando meu inimigo. Um belo dia, enquanto ele batia nela, eu o enfrentei e disse que nunca mais ele bateria nela.

    Por consequência, ele pegou um revólver e atirou em mim, mas o revólver falhou.

    Fui à delegacia e prestei queixa contra ele, que imediatamente foi preso. Quando saiu, já estava doente. A dificuldade aparece quando crescemos e transformamos a dor em julgamento. Assim, imediatamente nos colocamos acima dos outros como juízes.

    Pertencimento, ordem e equilíbrio estão interligados

    Naquela época, minha mãe já tinha 6 filhos vivos e dois mortos. Ela trabalhava dia e noite pra nos sustentar, lavando e passando roupa pra fora, fazendo faxina nas casas. Aos doze anos fui trabalhar pra ajudar ela e meus irmãos. Desde que comecei a trabalhar, minha família não foi mais despejada.

    Há alguns inconscientes familiares que atuam ao mesmo tempo, seguindo três leis básicas:

    • lei da hierarquia ou ordem: respeito aos mais velhos;
    • do equilíbrio: os membros “se ajudam” dentro do sistema;
    • lei do pertencimento: todos têm direito a pertencer.

    Reestabelecendo o direito de pertencimento

    Meu pai foi ficando muito doente e veio a falecer com câncer no pulmão. Isso já tem 30 anos. Eu sempre trabalhando e estudando consegui ser bem sucedida na vida e realizei o sonho da minha mãe, comprei uma casa pra ela.

    Foi o dia mais feliz dela e o meu também. Portanto, eu e meus irmãos conseguimos dar uma vida feliz para ela.

    Cada um ficou com uma responsabilidade e ela parou de trabalhar. Veio a falecer há dez anos com insuficiência respiratória. Mas vemos que o direito de pertencimento foi estabelecido.

    Hoje eu compreendo e vejo meu pai como uma pessoa que precisava de ajuda e a minha mãe como uma pessoa permissiva fazendo com que seu direito de pertencimento fosse violado. Ela o deixou fazer o que queria dela e dos filhos. Filhos que por sua vez ela também precisava de ajudar.

    Conclusão

    Eu tenho gratidão, amor, perdão e agradeço por eles terem existido em minha vida. Esses sentimentos me mostram que eu não gostaria de ser como eles., de ter meu direito de pertencimento violado. Por isso, hoje eu aceito meus pais como eles foram. Ou seja, aceito que tudo o que aconteceu foi o melhor que poderia naquelas circunstâncias.

    Você já teve seu direito de pertencimento violado? Deixe seu depoimento logo abaixo e pergunte acerca de qualquer assunto que seja do seu interesse.

    O artigo foi escrito pela aluna G. Vieira, exclusivamente para o Curso de Formação em Constelação Familiar (inscreva-se).

    2 thoughts on “Direito de Pertencimento na Constelação Familiar

    1. Emocionante: “Hoje eu compreendo e vejo meu pai como uma pessoa que precisava de ajuda e a minha mãe como uma pessoa permissiva fazendo com que seu direito de pertencimento fosse violado. Ela o deixou fazer o que queria dela e dos filhos. Filhos que por sua vez ela também precisava de ajudar.”

    2. Eu nunca fui de ter pensamentos autodestrutivos ao ponto de querer tirar a minha vida, mas quando tive meu direito de pertencimento violado eu tive esse pensamento. É uma dor horrível que eu não queria sentir e não queria que ninguém mais sentisse. O fato de a minha própria família não me aceitar como eu sou já me fez imaginar uma realidade onde eu não existia. No momento da dor parece que essa é a forma que melhor agradará eles.

      Estou passando por isso agora

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