Iniciei o Curso de Formação em Constelação Familiar, com o objetivo de obter mais conhecimento, melhorar minhas relações interpessoais, especialmente a relação com minha mãe. Além disso, meu objetivo era também observar se eu me adaptaria em trabalhar na área, como consteladora familiar e sistêmica.
Através da Constelação familiar e da sua forma de olhar para a ancestralidade, acabei ressignificando minha relação com a minha mãe. Sempre me questionava se ela realmente me amava como filha, pois era muito distante emocionalmente.
Nunca foi de abraços, de dizer “eu te amo” e sempre me cobrava muito quando eu cometia algum erro ou fizesse algo que ela não considerava certo. Isso, gerou muita frustração e autocobrança na minha vida e eu culpava a personalidade da minha mãe.
Começando a entender a origem da conturbada relação com minha mãe
Começando o estudo da Constelação Sistêmica, lendo o material e livros a respeito do assunto, comecei a analisar a ancestralidade da minha família. Aprofundei-me na maneira como meus pais foram criados e os pais deles também.
Com isso, comecei a conversar mais com a minha mãe a respeito de sua vida e, aos poucos, fui descobrindo pontos importantes. Isto é, tais fatos modificaram minha forma de vê-la e, também, a forma de ver a vida em geral.
Ela teve uma infância difícil devido sua relação com a mãe, que nunca se mostrou amorosa. Pelo contrário, não participava de inúmeras formas da vida dela. Desde muito nova, ela começou a cuidar da casa e do irmão adotivo, que faleceu quando ela alcançara a maioridade.
Assim, passei a começar a entender melhor as causas da minha conturbada relação com minha mãe.
Uma cobrança exacerbada de meus avós
O pai dela também não era muito presente emocionalmente. Ambos os pais a pressionavam muito para que ela tivesse uma vida ideal na visão deles.
Devido a própria forma como foi criada, minha mãe sempre foi uma pessoa que não gostava de mostrar suas fragilidades. Tinha em si a crença de que mostrar qualquer natureza de sentimento era um sinal de fraqueza. Havia um medo de ser julgada por outros como incompetente. Além disso, começou a cobrar de si e dos outros a perfeição.
Isto é, tudo que era empurrado para que ela resolvesse, precisava fazer ocorrer tudo certo, em seus mínimos detalhes.
A relação com minha mãe se baseava na relação que os pais dela tiveram com ela
Com isso, eu entendi que a forma como ela me criou e se relacionava comigo, era simplesmente a forma como ela aprendeu a viver. E aquele sentimento de frustração e autocobrança que eu tinha, era apenas uma ilusão do meu Ego que lutava para ser escutado.
Percebi que ela não demonstrava o seu sentimento por mim, simplesmente, pelo fato de não ter recebido esse amor. Logo, ela não sabia como fazer.
Então, sua forma de demonstrar amor, cuidado, era fazendo com que eu tivesse uma vida melhor que ela teve. Com esse entendimento, percebi o quanto eu era amada por minha mãe, o quanto ela cuidou para que eu pudesse ter a vida que eu sempre quis.
Por meio da relação com minha mãe pude encontrar o sucesso nos âmbitos:
- profissional
- social
- familiar
Hoje compreendo tudo o que minha fez
E, se minha mãe cometeu algum erro, não teve a intenção. Pelo contrário, hoje percebo a imagem da minha mãe como uma mulher forte. Além disso uma guerreira e extremamente dedicada a tudo que ela se compromete em fazer.
E isso faz dela a pessoa com todas as características que eu precisava para me desenvolver conscientemente. Através de seus ensinamentos, de sua forma de me mostrar a vida, eu tive todos os recursos ao meu alcance e aprendi a lutar pelo que eu queria.
O resultado desse processo, foi uma relação com minha mãe mais harmônica. Conseguimos resgatar o diálogo, o respeito, a gratidão e o perdão.
Tudo se transformou:
- O diálogo por saber que somos seres em evolução, que independente de qual é o rótulo de parentesco, todos nós estamos aprendendo a nos relacionar melhor com os outros e com nós mesmos;
- O respeito por ela ter se dedicado a mim da maneira que sabia;
- A gratidão por ter me dado a oportunidade da vida e por me acompanhar em cada passo;
- E, por fim, o perdão pelos erros cometidos, seja por mim ou por ela.
Entendendo nosso antepassados através da Constelação
Constelação Familiar e Sistêmica identifica emaranhamentos nas relações interpessoais, especialmente dentro da família. Há a possibilidade de outra pessoa reviver situações de forma a trazer uma situação problema para um movimento de solução.
O que temos que levar em consideração é que a forma como este integrante da família irá tomar para si as dores de um sistema familiar. E isso dependerá dos seus traços aflorados.
Por exemplo, em uma situação que um integrante familiar é assassinado em um assalto à mão armada, pode ocorrer do seu neto vir a reviver esse processo. Caso ele tenha uma tendência à culpa, ele passará a se auto sabotar de uma forma inconsciente.
Isto é, em uma tentativa de honrar aquele avô que foi excluído do sistema.
Gatilho
Neste caso, uma situação problema em um dos integrantes da família está servindo de gatilho. Através dele, esse neto poderá entender que veio com uma tendência à culpa e auto sabotagem. Assim, procurar fazer os contra raciocínios necessários para equilibrar esse sentimento.
A reconstrução imaginária da árvore genealógica
Um outro exemplo comum é: o filho se sentir abandonado e não amado por seu pai, pois este não sabe demonstrar esse afeto, seja através de palavras, abraços e etc. No processo de Constelação familiar e sistêmica, o cliente realizará a construção imaginária de sua árvore genealógica.
Isso irá permitir localizar e remover bloqueios do fluxo amoroso desta ou de gerações antecedentes. Sendo assim, poderemos desemaranhar os laços afetivos e refazer o fluxo do amor com mais consciência e menos ilusão.
Isso traz como consequência a visão de que nós temos em nossos familiares todas as características necessárias para que afloremos em nós o que viemos curar.
Saiba mais
Neste caso, muitas vezes percebemos que na própria criação do seu pai, este também não recebeu de forma direta o amor. Acentuando uma tendência que ele já trazia no seu ego: a dificuldade de demonstrar os sentimentos. Sendo assim, ele irá fortalecer esse traço de personalidade, até que ele tome a consciência de que é um ponto em desequilíbrio. Caso isso não ocorra, servirá de gatilho para as gerações subsequentes.
Conclusão
No processo da Constelação Familiar, é possível trazer a luz e aceitação para esse processo e pude até melhorar a relação com minha mãe. É através dela que o cliente entende que não é pela falta do sentimento que ele se sente abandonado, pois primeiramente o seu pai/mãe o ama.
Ele apenas não aprendeu como demonstrar. Além disso, esta é uma situação para ele entender que o seu ego irá interpretar as situações como abandono.
Por fim, é necessário movimentar e fazer o contra raciocínio necessário para o equilíbrio dessa tendência. O resultado é o fim do ciclo causado por esse bloqueio no sistema familiar.
Conheça nosso curso de constelação
E você, já teve problemas de relacionamento com sua mãe ou com familiares bem próximos? Deixe seu depoimento e nos conte sobre o que mais você quer saber sobre este assunto.
Artigo escrito com a colaboração de Gabriela Carneiro, exclusivo para o Curso de Formação EAD em Constelação Familiar e Sistêmica (inscreva-se).