A família é o principal símbolo do que significa união, apoio e amor entre as pessoas. Contudo, um filho pode assumir o lugar dos pais, rompendo com a ordem natural e saindo da posição de dependente. Vamos explicar melhor esse fenômeno entender melhor o significado de parentificação e como essa inversão afeta a família.
O que é parentificação?
A parentificação em Psicologia significa uma troca de papéis que acontece entre os pais e o filho. Ou seja, o filho é quem passa a cuidar das necessidades dos seus pais, sejam elas físicas, mentais ou emocionais. Além disso, o jovem se torna o centro da casa, cuidando de todos os afazeres do lar.
Esse tipo de situação envolve um desejo contido dos pais de receber um cuidado que na infância deles não foi possível. Dito de outra forma, é como se a criança interior deles não tivesse crescido e precisasse de atenção. As carências da juventude deles não foi totalmente resolvida e lidada de um jeito saudável
Porém, onde os filhos poderão agir como filhos se as necessidades deles foram apagadas para atender os pais? Muito antes da hora, o filho acaba precisando lidar com responsabilidades as quais não foi preparado. Assim, ele é forçado a se tornar um adulto em prol dos pais, mas sem o preparo emocional e mental adequados.
A responsabilidade antecipada gera culpa
Pais que costumam parentificar os filhos pouco sabem como essa experiência é solitária para os jovens. Já que as crianças não tem a quem recorrer, não sabem lidar com esse crescimento antecipado e abrupto.
A medida que o senso de cuidado do jovem aumenta, possivelmente ele aprenda a reprimir seus desejos pessoais. Por isso que quando ele tenta realizar algo para si se sente culpado por não beneficiar os pais também. É uma falsa sensação de egoísmo que o faz desistir a fim de favorecer a família.
Ademais, a dor desse jovem também é internalizada junto as suas vontades. Especialistas apontam que essa negação constante de si por parte do jovem é uma tentativa de ser aceito e amado. Infelizmente, ele não consegue amadurecer adequadamente e fica a mercê de vários problemas emocionais.
Quais os tipos de parentificação?
A parentificação em Psicologia explica que o termo se refere a “uma disposição em se doar para alguém”. Uma rápida pesquisa revela que existe mais de um tipo, sendo eles:
Parentificação física
Acontece quando o filho precisa cuidar de todas as tarefas que envolvam o trabalho domiciliar. Desse modo, ele limpa a casa, faz compras, alimenta os pais, faz reparos e outras atividades sozinho. Caso tenha irmãos menores, a educação dos pequenos fica a cargo do mais velho também.
Parentificação emocional
Os pais usam o filho como um conselheiro, confidente ou mediador de todas as situações familiares. Esse tipo de demanda exige um esforço emocional muito grande por parte do jovem. Enquanto o filho auxilia os pais emocionalmente, ele mesmo não está recebendo tal atenção como precisa.
A carência dos pais
Os adultos já tiveram os seus momentos como adolescentes, vivendo de acordo com as suas vidas e ideologias. Mas com certeza eles guardaram em si os momentos em que estiveram sem qualquer proteção emocional. Quando se tornaram pais, inconscientemente, resgataram essas situações e projetaram nos filhos uma forma de serem acalentados.
Mesmo que tenham os seus problemas, muitos pais influenciam os filhos a serem os seus guardiões antes do tempo. Assim, deixam as crianças tomarem responsabilidades sem preparo que apenas causam dor nos jovens. Claro, nem todo mundo age propositalmente, mas a saúde dos filhos nessa situação acaba em risco por causa da pressão e repressão contínuas.
Sequelas
Nós podemos observar a parentificação como um processo de adoção às avessas em que os filhos adotam os pais sem querer. No entanto, esse tipo de relação familiar costuma deixar sequelas duradouras na mente dos filhos. As consequências mais comuns desses ato são:
- depressão;
- ansiedade;
- autoestima prejudicada;
- desconfiança constante;
- atos impulsivos;
- dificuldade com a rejeição;
- sensação constante de culpa;
- dificuldades para se relacionar afetivamente;
- problemas com a alimentação.
A psicoterapia pode ajudar
Tanto para os filhos, quanto para os pais a psicoterapia pode ajudar a lidar com o problema da parentificação. Por meio do tratamento a compreensão dos papeis da família e autoconhecimento chegará aos participantes como uma luz no escuro. Assim, podem se libertar gradualmente dos lugares onde estão para ter autonomia e mais consciência de quem são verdadeiramente.
A terapia é um processo libertador, pois permite que os pais e filhos consigam se conectar novamente. Desse modo, podem abraçar as suas responsabilidades verdadeiras e sentir compaixão uns pelos outros.
Os pais podem entender na terapia as vivências que os marcaram e tornaram tão dependentes dos filhos. Com paciência e esforço, os impulsos negativos e emoções tóxicas serão ressignificados e esclarecidos. Por sua vez, os filhos deixam de atender cobranças indevidas e podem completar o seu crescimento.
Solitude: quando você se basta
Em suma, solitude significa que a solidão não incomoda uma pessoa e ela pode ser feliz sozinha. Logo, a carência ou desejo por atenção de alguém não fazem falta para esse indivíduo se sentir completo. Todos nós deveríamos tentar compreender como ela funciona e avaliar seus benefícios em nossas vidas.
Os pais que fazem parentificação precisam aprender a serem mais autônomos sem apegos tóxicos aos filhos. A autossuficiência vai permitir que esses adultos saibam cuidar de si mesmos sem delegar essa função para os jovens. Além de permitir que o filho desenvolva-se, os adultos têm a oportunidade de continuar suas histórias.
Por fim, a relação familiar pode melhorar bastante com os membros mais saudáveis emocionalmente. Como pais, a responsabilidade de criar filhos responsáveis e independentes não deve ser interrompida.
Considerações finais sobre parentificação
A parentificação anula completamente a ordem natural da família e gera bastante caos no lar. Os filhos acabam esquecendo que são filhos e se dedicam, quase que integralmente, aos cuidados familiares, negligenciando as próprias necessidades. Não existe melhor receita para a família ter problemas com a maturidade forçada e desenvolvimento prejudicado dos jovens.
Todos temos responsabilidades, de modo que cabe exclusivamente a nós a realização dessas tarefas ao longo da vida. Como pais é importante que as nossas crianças possam crescer e se desenvolver de modo saudável. Por meio do equilíbrio familiar os jovens amadurecem e os pais têm a sensação de dever cumprido.
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