Para quem está começando a estudar as práticas psicoterápicas de Bert Hellinger, é comum questionar se a constelação familiar é sistêmica. Tendo essa pergunta em vista, neste conteúdo explicaremos o que é uma prática sistêmica e discutiremos se a constelação familiar se encaixa dentro dos critérios estabelecidos.
A constelação familiar é sistêmica ou existe alguma diferença?
Em linhas gerais, sim, a constelação familiar é sistêmica porque, quando aplicada a um ou mais membros de um determinado sistema, pode afetá-lo inteiramente.
Assim sendo, temos que constelação familiar e sistêmica são a mesma coisa.
Sabendo que essas afirmações são superficiais, explicamos o motivo para a constelação ser sistêmica ao longo deste conteúdo. Confira!
O que significa que algo é sistêmico?
O termo “sistêmico” é um adjetivo que se refere à visão estrutural de um sistema, isto é, um organismo em sua totalidade.
E o sistema? O que é?
Antes mesmo de começarmos a falar em famílias, você já pode ter em mente o que é um sistema analisando o seu próprio corpo. Dentro de você há uma série de sistemas operando, como o sistema urinário, o sistema cardiovascular e o sistema límbico.
Cada um desses sistemas do corpo humano se organiza de uma determinada maneira, de modo que formam um todo organizado. Assim sendo, nesse contexto, quando um membro do sistema adoece, o todo fica prejudicado.
Se você sofre com pedras nos rins, por exemplo, todo o seu sistema urinário sofre com isso. Consequentemente, na ausência de um tratamento eficaz, o seu corpo inteiro também acaba sofrendo.
O que é sistema para a constelação familiar?
Para Bert Hellinger, o criador da constelação, uma família também é um sistema. No entanto, esse sistema não envolve apenas pai, mãe e filhos. Todos os integrantes que compõem a história de uma família fazem parte desse emaranhado organizado de indivíduos.
É por essa razão que a constelação familiar é sistêmica. Ademais, o que comentamos a respeito de problemas no sistema também vale para o que prega a psicoterapia de Hellinger.
Problemas não resolvidos entre participantes de um mesmo sistema podem reverberar por gerações, trazendo consequências indesejadas para seus membros. Dessa forma, o sistema entra em desequilíbrio. Em vista disso, para que as questões cessem e o sistema volte a funcionar de maneira equilibrada e organizada, é necessária a intervenção da constelação familiar.
Como a constelação atua?
Como você já deve ter percebido até aqui, não há diferenças entre constelação familiar e sistêmica. Estamos falando da mesma coisa, mas enxergando-a de perspectivas diferentes.
Quando usamos o termo “familiar”, é muito mais fácil compreender que a aplicação se direciona a famílias. Contudo, quando usamos o termo “sistêmico”, fica evidente que a aplicação dos conceitos de Hellinger valem tanto para famílias quanto para outros tipos de organização de indivíduos, como veremos mais adiante.
De modo geral, o objetivo primeiro da constelação (seja ela sistêmica ou familiar) é resolver os conflitos causadores do desequilíbrio (seja ele familiar ou sistêmico). A solução, em geral, vem de algum desrespeito às leis da constelação, também conhecidas como leis sistêmicas. Falamos sobre elas a seguir.
As leis sistêmicas
Ao estudar os relacionamentos humanos e os problemas que os afetam, Bert Hellinger chegou a conclusão de que três leis devem ser respeitadas a fim de manter o equilíbrio em um sistema.
Ele as nomeia como “ordens do amor“, mas elas são conhecidas também como leis ou pilares da constelação, além de “leis sistêmicas”.
Nesse contexto, mais uma vez, fica evidente que a constelação familiar é sistêmica. Seja no seu contexto especificamente familiar ou mais amplo, a prática psicoterapêutica segue essas leis.
Hierarquia
A primeira lei sistêmica é a da hierarquia. Ela basicamente sugere que o equilíbrio de um sistema se mantém quando respeita-se a ordem de chegada dos indivíduos em um mesmo sistema.
Por exemplo, os pais chegam antes dos seus filhos. Assim sendo, é importante que os filhos sejam respeitosos com relação aos seus genitores.
Na ausência do respeito e da obediência, desequilíbrios são gerados e, se não forem resolvidos, continuam afetando as gerações seguintes de uma mesma família.
Equilíbrio
Em segundo lugar, temos a lei do equilíbrio entre dar e receber. Para respeitar essa lei, é importante que os membros de um sistema ajam com reciprocidade na medida em que se dedicam uns em função dos outros.
Um contexto muito fácil de entender a importância da reciprocidade é o casamento. Se apenas um cônjuge dá amor ao outro, temos uma situação de desequilíbrio que poderá culminar até mesmo no divórcio do casal.
Se essa questão não é resolvida, esse desequilíbrio não acaba com o fim do casamento, no entanto. Ele continua reverberando no sistema.
Pertencimento
Por fim, mas não menos importante, Hellinger propõe que todos os indivíduos que pertencem a um sistema têm o direito de permanecer nesse sistema. Ou seja, a exclusão de pessoas é um motivo causador de desequilíbrio.
Assim sendo, um membro familiar que cometeu algum tipo de ato reprovável não pode simplesmente ser desligado da sua família. Ele tem direito de pertencer ao sistema, ainda que a convivência possa ser limitada de alguma maneira.
Aplicações da constelação sistêmica
Agora que você conhece o significado de um sistema e como funcionam as leis da constelação, já está evidente que a constelação familiar é sistêmica.
Contudo, para finalizarmos a discussão, mostraremos contextos mais abrangentes de aplicação das leis de Hellinger a fim de mostrar onde mais esse conhecimento se aplica.
Empresas
O primeiro tipo de organização “não familiar” em que é possível aplicar as leis sistêmicas de Hellinger é uma empresa. Perceba que assim como uma família, temos um sistema organizado ao qual pertencem muitos indivíduos.
Cada um deles precisa obedecer os conceitos de hierarquia, equilíbrio e pertencimento, pois, do contrário, os relacionamentos entram em desequilíbrio e prejudicam a organização como um todo.
Nesse contexto, em caso de problemas de relacionamento, a constelação familiar é uma excelente ferramenta nas mãos de um empreendedor. Incentivar a sua equipe a ser constelada é algo que trará enormes benefícios não só sociais, mas operacionais e financeiros.
Escolas
O mesmo que dissemos a respeito de uma empresa se aplica às escolas, ainda que em um grau menor.
O professor que sabe constelar pode usar seus conhecimentos para se relacionar melhor com seus alunos. Ademais, pode atuar com segurança na resolução de conflitos dentro de sua sala de aula.
Considerações Finais
Esperamos que agora você já tenha a certeza de que a constelação familiar é sistêmica. Sabendo disso, você também pode compreender que qualquer contexto organizacional em que pessoas se fazem presentes podem se beneficiar dos conhecimentos de Hellinger.
Assim sendo, se você está ciente de que as leis sistêmicas trarão benefícios para os seus relacionamentos e até mesmo para o seu trabalho, matricule-se hoje em nosso curso de constelação clínica 100% online. Nele, você entende mais a fundo porque a constelação familiar é sistêmica, entre outros conhecimentos, e ainda conquista um certificado que te permite atuar profissionalmente como constelador. Não perca tempo e mude já a sua vida!
3 thoughts on “A constelação familiar é sistêmica?”
Esse conteúdo é muito muito esclarecedor.
Eu como Psicanalista e constelador familiar e sistêmico, aconselho a fazer uma constelação, você e seu filho, com o tema aceitação da família, provavelmente vai te ajudar na relação com seu filho.
A Constelação pode com certeza ser uma ferramenta de grande valia na resolução de problemas familiares.