Um número significativo de crianças na sociedade está exposto a eventos traumáticos na vida. Um evento traumático é aquele que ameaça ferir, morrer ou a integridade física do próprio ou de terceiros. Também causa horror, terror ou desamparo no momento em que ocorre. Aprenda abaixo a como identificar os traumas de infância e sintomas.
Rejeição
Muitas vezes existem situações de rejeição por parte de outras pessoas significativas, sendo o isolamento e a desvalorização social muito traumatizantes para a mente da criança. Este costuma ser internalizado como seu, levando a criança a rejeitar a si mesma, diminuindo sua autoestima, seu autoconceito e seu amor e relações sociais na idade adulta.
Emoções, pensamentos e sentimentos começam a se concentrar em torno do problema, acreditando que ele não é digno de amor, afeto ou compreensão.
Pessoas rejeitadas tendem a se isolar ou ser excessivamente complacentes para serem aceitas e evitar uma nova exclusão, mesmo que tenham que ficar em segundo plano por se enquadrarem no grupo ou por comportamentos degradantes para si mesmas. Eles geralmente sentem um grande vazio interno.
Origens
Se na nossa infância sofremos humilhações por parte de pessoas próximas ou significativas (pais, familiares, colegas ou professores) isso pode nos levar ao perfeccionismo como forma de relacionamento.
A pessoa precisa da perfeição para se sentir aceita e valorizada. Há um medo profundo da crítica, pois é entendida como um traço da nossa personalidade. Como algo estável (se faço errado, sou mau, se falho, sou inútil) e não como um comportamento específico, gerando alto sofrimento não atingindo o ideal.
Comentários na infância do estilo ” você não vale nada”, “você é burro”, “você é desajeitado”, “não gosto do jeito que você é”, olhares de desaprovação e tons de censura geram na criança a ideia de não ser adequada ou de ter que se esforçar para ser amada. Percebendo que não é aceita pelo simples fato de existir, mas pelo que ela realiza.
Impactos na idade adulta
Na idade adulta isso pode gerar dependência, submissão, ansiedade ou depressão, pois a pessoa acredita que não vale nada, que é inferior aos outros ou que deve ser perfeita para ser valorizada. Qualquer erro pode gerar grande frustração.
Eles também podem ser adultos sem iniciativa ou hesitantes por medo do erro, ou pessoas que humilham os outros como eles viveram em sua infância como uma defesa.
Como identificar traumas de infância
Pais autoritários, exigentes e emocionalmente distantes, com regras rígidas, mas sem uma dose de afeto, podem gerar na criança sentimentos de inutilidade e inefetividade que perduram na idade adulta.
Isso afetará a autoestima sentir-se inútil por não conseguir atingir seus objetivos, sem perceber que são muito exigentes. Isso gera comportamentos tirânicos para manter um status elevado a todo custo para não se sentir um fracasso .
O medo subjacente é deixar de ser bom, competente ou válido, e a ideia de ter que ser melhor os assombra a cada momento, mesmo nas coisas simples. As frases dos pais são internalizadas e a pessoa pensa que não fez o suficiente, gerando frustração, ansiedade e autodepreciação, que geralmente está ligada a uma tristeza recorrente.
Abuso sexual
Crianças que foram abusadas sexualmente por adultos, principalmente se forem pessoas próximas, costumam desenvolver uma sintomatologia física e psicológica. Essas são característica do abuso que vai mudando com o passar dos anos, mas, no fundo, não desaparece.
Pessoas esquivas com grandes dificuldades de vinculação, com tendência a viver “com o alarme ativado”, com pesadelos e sono recorrentes, podem ter sofrido abusos na infância. Outras caracteríticas como distúrbios de consciência e sexualidade, depressão ou ansiedade, também são corriqueiras.
Abuso físico ou psicológico
Abusos como espancamentos, gritos ou insultos geram alto estresse e medo na criança que podem paralisá-la. A repetição do ciclo da violência (tornando-se abusadores), costuma ser característica de adultos que sofreram maus-tratos infantis.
Há também caractéricas como a evitação de relacionamentos, a tendência de se relacionar com as pessoas que as prejudicam, o uso abusivo de substâncias ou paralisia diante de várias situações.
Sintomas que podem ocorrer na idade adulta devido a traumas de infância e adolescência
Regulação de afetos e impulsos
É difícil para a pessoa se controlar, tendendo a ser impulsiva ou muito reprimida em diferentes áreas de sua vida, o que gera imobilização na tomada de decisões ou, ao contrário, impulsividade que pode levar ao consumo de drogas, jogo patológico, compras compulsivas ou agressividade.
Memória e atenção
Geralmente são afetados, seja com diminuição, ao não se lembrar de coisas que são feitas ou ditas, ou então não prestando atenção a detalhes importantes, problemas de concentração, esquecendo os eventos traumáticos sofridos ou não tendo memórias de infância.
Outa forma de serem afetadas é pela hiperexcitação, que consiste em buscar obsessivamente estímulos que impeçam o abandono ou engano. Assim como a alta desconfiança, intrusão de imagens e pensamentos relacionados ao evento.
Autopercepção
Pessoas com traumas de infância não resolvidos tendem a ter baixo autoconceito, sentimentos de inferioridade, baixa autoestima, sentimento de não ser digno de amor. Além de crenças de não ser aceito ou não ser adequado, que também são constantes neste tipo de pessoa.
Relações interpessoais que impactam em traumas de infância
Pode-se dizer que o medo do abandono governa seu mundo social. Eles pensam que não estão à altura de relacionamentos ou pessoas e que nem eles nem os outros são confiáveis ou amáveis.
Por isso, evitam relacionamentos ou se “apegam” excessivamente a uma pessoa. Tristeza, ansiedade, raiva e dramatização costumam ser tendências nesse tipo de pessoa.
Somatizações
Quando o trauma não é expresso e elaborado, ainda na infância, geralmente se manifesta de forma corporal. Diferentes doenças podem ter uma causa traumática como dores de cabeça, problemas intestinais, problemas de pele, etc.
Dissociação
A dissociação é uma estratégia primitiva usada em situações com alta carga emocional negativa. Isso nos protege de mais danos, por exemplo: a pessoa que está sendo abusada pode pensar que isso está acontecendo com seu corpo, mas não com ela.
Essa defesa pode gerar uma patologia dependendo do grau de dissociação da pessoa, desde amnésia até Transtorno Dissociativo de Identidade nos casos mais graves.
Perturbações do sono
Pesadelos, insônia ou sonolência podem ser causados por trauma.
Apetite alterado ou comportamento alimentar
Problemas de compulsão alimentar, vômitos ou anorexia podem ter causas traumáticas na infância. Por exemplo: vomitar para “meter a sujeira do avesso” ou não comer para “recuperar o controle do corpo” que se perde no abuso ou com pais muito controladores.
Alteração da sexualidade
Comportamentos impulsivos ou perigosos na sexualidade, disfunções sexuais e falta de desejo podem ter uma causa traumática.
Terapia para traumas infantis
- Cognitivo-Comportamental, Gestalt, Psicanálise, Sistêmica – As diferentes correntes seguidas pelos terapeutas podem te ajudar. Dependendo de sua história, seu psicólogo escolherá as estratégias adequadas para resolver seu passado.
- Hipnose – A hipnose é um estado de sugestão que acelera o processo terapêutico, com ela pode ser abordada a ansiedade, a tristeza ou a dissociação, entre outros sintomas pós-traumáticos.
- Trapia Sensório-Motora – Quando ocorre um perigo e a pessoa não consegue escapar, o corpo armazena em sua memória não verbal as consequências de comportamentos inacabados, além da vergonha e da culpa, com esta terapia iremos ajudá-lo a libertar seu corpo de traumas.
Considerações finais sobre traumas de infância
É importante tratar os traumas de infância, seja na terapia ou com medicamentos. Na terapia são trabalhadas as memórias, sentimentos e crenças gerados na infância que o perseguem na vida adulta. Para saber mais detalhes desse trauma e como trata-lo se inscreva em nosso curso online de constelação familiar. É uma ótima oportunidade para você aprimorar o seu conhecimento e ajudar quem sofre desse problema.